sexta-feira, 15 de maio de 2009

Devaneios em bemol.

Mathieu resolveu deixar suas lições de álgebra um pouco de lado, justamente durante a aula quando todos os rapazinhos e moçoilas se punham a pensar, alguns deles com caneta mordida entre os dentes chegando a ter convicção que os problemas de álgebra eram os maiores existentes, e se pôs a escrever.

“Se perder na tarefa do existir quando se tem que mostrar de fato a existência, ou seja, durante praticamente todo o tempo, é simples. Esquivar-se, um dos modos de perder-se, é a atividade mais fácil e fraca, porém talvez, a mais perceptiva e por isso obviamente carregada de uma nobreza indiscutível. Qualquer direção, pensando bem, é mais bem tomada quando se erra o caminho anteriormente, não importando aí se penso na “BR” ou nas decisões humanas. Fato tal, inclusive, que a sociedade faz questão de desconsiderar veemente. Isso leva a crer ‘Pieguismos’ a parte, que o mundo é este mundo não em vão.

Um ambiente construído por seres descrentes na percepção não pode levar a outro lugar a não ser a perdição gradual e completa desses mesmos seres. O QI imperou. Fato esperado e lógico, é claro. Acontece, no entanto, que o mesmo tomou poder à custa da insensibilidade. Dessa forma, companheiro – o jovem rapaz tem a estranha mania de escrever para um ser inimaginável – ‘pieguismos’ a parte, o mundo é este mundo não é em vão.”

- Mathieu, já terminou sua lição? – Indagou o professor, interrompendo os pensamentos do rapaz.

- Estou quase. Primeiro estou tentando solucionar outra questão.

- Está no livro? Talvez possa lhe ajudar.

- Não, essa não é tão simples. Não está. Agradeço.

O desinteresse por qualquer outro fato por parte do professor que não está no livro – algo de senso cada vez mais comum – e a cara de desaprovação do mesmo levou Mathieu a interromper os rabiscos mas não sem antes escrever no rodapé da folha branca com listras azuis: ‘ Me de um jovem sonhador e cheio de vontade de mudar e melhorar as coisas como estão que eu lhe dou um potencial desempregado.’

“Pieguismos” a parte companheiro – talvez eu também tenha essa estranha mania- o mundo é este mundo não é em vão.